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Projeto de
Ensino de Matemática |
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1 IntroduçãoEste é um Projeto de Ensino de Matemática: “Grupo de Trabalho Diferenciado – GTD do 7º Ano”, do 3º Ciclo de Formação Humana da Escola Fundamental do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais. Para um melhor entendimento deste projeto necessário se faz discorrer um pouco sobre o entorno no qual ele se desenvolve. O histórico a seguir procura sintetizar, segundo minha ótica, um longo trabalho coletivo de ensino que vem sendo desenvolvido há vários anos na escola e um pouco de seus desdobramentos que, no meu entendimento, dizem respeito e delimitam este projeto que está sendo proposto em 2003. 2 HistóricoA Escola Fundamental do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais, vinculada à Faculdade de Educação, é uma escola que, nos preceitos da Universidade, realiza o Ensino, a Pesquisa e a Extensão no seu campo de ação que é o Ensino Fundamental e, em parcerias com outras instituições, especialmente com a Faculdade de Educação, atua também na formação inicial e continuada de educadores. Em consonância com o seu caráter investigativo e em atendimento a apelos de diversas ordens, implementou-se na escola a partir de 1996 um novo Projeto Político Pedagógico que tem como centralidade de suas intenções educativas a formação humana e, é neste sentido, que vem realizando investigações relativas ao ensino, a aprendizagem e a formação de seus educandos desde então. Este projeto, assim como os anteriores, busca nortear o fazer pedagógico da escola a partir de princípios nele estabelecidos, mas ao mesmo tempo, dá ampla liberdade de experimentações e incentiva a concretização de experiências inovadoras nos limites de seus princípios. De acordo com este Projeto Político Pedagógico a escola foi organizada experimentalmente em Ciclos de Formação Humana. Inicialmente, em quatro ciclos, cada um deles abrangendo dois anos letivos do Ensino Fundamental. Para cada ano de escolarização a escola abriga três turmas originalmente com trinta alunos cada turma. São, portanto, vinte e quatro turmas o que perfaz um total de setecentos e vinte vagas cedidas pela Universidade. Buscando um contínuo desenvolvimento em suas pesquisas, a partir de 2003 a escola se reorganizou em apenas três ciclos, assim compreendidos: o Primeiro Ciclo está composto pelos dois primeiros anos de escolarização – seis turmas, o Segundo Ciclo está composto pelos três anos de escolarização seguintes – nove turmas e o Terceiro Ciclo está composto pelos três últimos anos de escolarização – nove turmas. Para organizar e orientar o trabalho pedagógico da escola e coordenar os Ciclos de Formação Humana foi criado um Colegiado Pedagógico – COPED como institucionalização de uma anterior Comissão de Ensino. Uma das propostas de investigação contida neste Projeto Político Pedagógico é buscar novas modalidades de organização dos espaços e dos tempos escolares. Neste sentido, uma experiência bem sucedida, entre outras, é a reenturmação periódica, de forma sistêmica, dos alunos segundo necessidades e/ou interesses didáticos/pedagógicos. Por exemplo, em determinados dias da semana, durante um certo número de horas/aulas os alunos deixam suas turmas de origem e se reagrupam, independentemente de suas idades ou do ano escolar em que se encontram, para realizarem outras atividades que não aquelas do desenvolvimento normal de suas aulas. Consolidou-se, assim, um novo Projeto Coletivo de Ensino, hoje chamado Grupos de Trabalhos Diferenciados - GTD que foi incorporado no Projeto Político Pedagógico da escola como proposta de trabalho constitutiva dele. Tornou-se um de seus princípios que, faz parte da grade curricular contando com tempo específico no quadro de horário e está contemplado em todos os três Ciclos de Formação Humana. Cada Ciclo tem liberdade de determinar de que forma ele fará parte de seu trabalho. Só não pode deixar de ter. Os projetos propostos e executados em cada ciclo são objetos de análise e aprovação inicialmente pelo coletivo do próprio ciclo para posteriormente serem encaminhados às outras instâncias pertinentes da própria Escola e da Universidade para as devidas aprovações legais e conquista de apoio de diversas ordens, pois na Universidade um projeto só pode ser oficialmente executado se devidamente aprovado. Desde a implantação do atual projeto em 1996 até o final de 2001 contávamos com 25 módulos/aulas semanais. Eram 5 módulos/aulas diárias assim distribuídas: 3 módulos/aulas de 50min cada, um intervalo de 30min, mais 2 módulos/aulas de 45min cada. Assim, tínhamos um turno de 4h30min com 4h de aulas. O GTD contava com 2 módulos aulas de 45min cada por semana. Durante o ano de 2002, buscando uma equalização dos tempos escolares por área de conhecimento, experimentamos trabalhar com 2 módulos/aulas de 120min cada: um antes e outro depois do intervalo que continuou sendo de 30min. O que dá também um turno de 4h30min com 4h de aulas. O GTD contava com um desses módulos de 120min por semana. Apesar de ter sido uma experiência interessante, gerou alguns conflitos, especialmente quanto à distribuição dos tempos por disciplinas o que inviabilizou a sua continuidade para 2003. Até esse o final de 2002, tínhamos o Segundo Ciclo e o Quarto Ciclo atuando no turno da manhã e o Primeiro Ciclo e o Terceiro Ciclo atuando no turno da tarde. Com a nova organização em três ciclos temos em 2003 o Primeiro e Segundo Ciclos atuando no turno da tarde e apenas o Terceiro Ciclo atuando no turno da Manhã. Os dois primeiros ciclos voltaram aos módulos/aulas anteriores a 2002, ou seja, 3 módulos/aulas de 50min cada, um intervalo de 30min, mais 2 módulos/aulas de 45min cada e o Terceiro Ciclo empreendeu uma nova organização dos espaços e tempos escolares. Em 2003 está trabalhando com 3 módulos/aulas de 45min antes do intervalo, um intervalo de apenas 15min, mais 3 módulos aulas de 45min. Temos assim, um turno de 4h45min com um total de 4h30min de aulas. O GTD acontece durante os dois últimos módulos/aulas das quartas feiras. É neste espaço/tempo que está se desenvolvendo este “Projeto de Ensino de Matemática do 7º Ano”. 3 Constituição dos GTDContando então com nove turmas, sendo três turmas de cada um dos três últimos anos do ensino fundamental e com um total de 249 alunos, o GTD está assim organizado no Terceiro Ciclo em 2003: Um Grupo de Trabalho Intensivo – GTI composto por oito alunos sendo cinco oriundos dos três anos de escolarização do Terceiro Ciclo e outros três oriundos do Segundo Ciclo. São alunos com demandas muito especiais para os quais não funcionaram outras tentativas de ajuda. Alunos cujas necessidades parecem ultrapassar os limites/competências pedagógicas. Vários professores de diversas disciplinas participam deste grupo. Três grupos para trabalhos com a Língua Portuguesa. Cada um deles composto com quinze alunos oriundos das nove turmas dos três anos de escolarização do ciclo. Com o objetivo de resolver questões básicas da língua escrita. Competências textuais, ortográficas, etc. Grupos constituídos segundo análise dos professores no Núcleo de Letras. Três grupos para trabalhos com a Matemática. Cada grupo composto por quinze alunos de um mesmo ano de escolarização oriundos das três turmas do ano letivo, com o objetivo de recompor conteúdos matemáticos. Cada grupo foi formado pelos respectivos professores do Núcleo de Matemática. Um grupo para trabalhos na área de Artes composto com quinze alunos oriundos das nove turmas dos três anos de escolarização do ciclo. Com o objetivo de trabalhar questões de inibições e “dificuldades” de relacionamentos. Cinco grupos compostos aleatoriamente com os demais alunos do ciclo. Cada grupo com igual quantidade de alunos de cada uma das nove turmas e igual quantidade de homens e mulheres. São quatro grupos com 29 alunos e um grupo com 24 alunos. Cada grupo conta com igual quantidade de alunos de cada ano escolar. Nestes grupos propõe-se trabalhar linguagens diversas como elementos de comunicação humana como, por exemplo, linguagem cartográfica, etc. 3.1 Constituição dos GTD de MatemáticaÉ neste contexto que, num acordo com o Terceiro Ciclo de Formação Humana e com o Núcleo de Matemática, foram constituídos os três Grupos de Trabalhos Diferenciados de Matemática (um para cada ano escolar do Ciclo) com o objetivo de trabalhar com os alunos que se encontram com algum atraso em relação aos conteúdos matemáticos ministrados nos respectivos anos de escolarização do Ciclo. Foram encaminhados para estes GTD alunos que mais defasados se encontravam nos conteúdos matemáticos e que não faziam parte dos GTD de Português. Por entendimentos no interior do Ciclo, Português teve prioridade na constituição de seus GTD. Há muitos alunos que são demandados para um trabalho diferenciado com a Matemática, mas que têm mais necessidades de estarem, primeiro, trabalhando nos GTD de Português. Neste caso, estarão se movimentando entre os GTD de acordo com as constantes avaliações do coletivo do Ciclo. 4 O GTD de Matemática do 7º AnoEste GTD está sob a responsabilidade do professor Edmar Henrique Rabelo. O grupo está constituído com 15 alunos oriundos das três turmas do 7º ano, encaminhados de acordo com os critérios estabelecidos sendo quatro alunos da Turma A, cinco alunos da Turma B e seis alunos da Turma C. Quanto às aulas de matemática a Turma A está sob a responsabilidade da Profª Wânia de Moraes Soares e as outras duas sob a responsabilidade do Pro. Edmar Henrique Rabelo que indicaram seus alunos segundo suas análises das necessidades deles. 5 ObjetivosEste grupo foi constituído somente com alunos do 7º ano pensando-se em quatro objetivos principais: O primeiro, melhorar a auto-estima dos alunos como elemento essencial para mudança de postura deles com relação à aprendizagem da matemática. O segundo, promover uma “recuperação” dos conteúdos dos participantes ajudando-os a se colocarem, criterialmente, num mesmo nível de aprendizagem matemática a que se encontram os demais colegas do 7º ano. O terceiro, investigar e buscar respostas para os “por quês” situações como estas são tão comuns nas salas de aulas, bem como encontrar caminhos e propor soluções para as questões aí envolvidas. O quarto, contribuir para consolidar espaços e tempos escolares dessa natureza como alternativa e solução didático/pedagógica nos Projetos Políticos Pedagógicos de outras escolas. 6 JustificativaDe acordo com a Proposta Pedagógica que, de fato, vimos desenvolvendo na Escola Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG, os Grupos de Trabalhos Diferenciados – GTD constituíram-se em um espaço de fundamental importância para o desenvolvimento dos nossos trabalhos de ensino e pesquisa com os nossos alunos. Investir em projetos dessa natureza constitui hoje uma proposta prioritária se quisermos repensar a Ensino Fundamental (e num sentido mais amplo a Educação Básica), pois o alcance maior de um projeto de educação deve passar pela valorização dos educandos, sujeitos fundamentais e motivos de existir da nossa escola. É nessa perspectiva que se propôs a implementação de um projeto baseado na formação de Grupos de Trabalhos Diferenciados – GTD. Uma proposta que se fundamenta em estudos teóricos acerca das tendências mais recentes no campo do desenvolvimento humano e na análise de projetos já por nós desenvolvidos neste sentido. Assim, não se trata de uma proposta pronta, acabada e fechada. Ao contrário, muitos de seus desdobramentos vêm ocorrendo ao longo do processo de sua implantação, na medida em que as vivências de seus protagonistas estão apontando novos direcionamentos, novos caminhos. A constituição de Grupos de Trabalhos Diferenciados voltados para estudos e reflexão de forma coletiva sobre o desenvolvimento de cada um de seus participantes pretende criar espaços em que a educação do educando se dê numa perspectiva de aprendizagem interativa e de auto-educação mediada pela intervenção escolar, com base numa concepção de formação humana como um processo contínuo de desenvolvimento pessoal e sociocultural que ultrapassa a simples formação escolar. A partir das primeiras experiências estamos convictos de que a implantação dos Grupos de Trabalhos Diferenciados - GTD como estratégia de formação dos alunos, está se constituindo em uma oportunidade ímpar de criação das condições básicas de crescimento dos educandos como sujeitos do próprio processo formativo. E esse caminhar conjunto e consciente de educadores e educandos poderá nos permitir a construção e consolidação de um projeto educativo singular e substantivo, que responda aos desafios de um mundo em constante mudança. É nesse sentido que está sendo proposto este GTD de Matemática para o 7º ano em 2003, a partir dos objetivos acima colocados e da análise relatada a seguir. 7 Uma análise inicialUma análise/diagnóstica inicial sobre a história escolar desses alunos do 7º ano que determinou seus encaminhamentos a este GTD demonstra que nenhum deles tem “dificuldade de aprendizagem” e, portanto, não é por este motivo que aprenderam matemática menos do que aprenderam outros conteúdos. De um modo geral são alunos “bons e saudáveis” na escola. Mas, por outro lado, declaram não gostar de matemática e têm uma certa aversão a ela e por isso não se predispõem a aprende-la apesar de acha-la importante e admirarem quem a aprende bem. O que parece, então, é que se encontram num certo “círculo vicioso”: não aprenderam porque não gostam, não gostam porque não aprenderam. Tudo indica que são infelizes com esta situação e desejosos de saírem dela. Durante os trabalhos em sala de aula transparece com bastante clareza que o pouco investimento desses alunos em um melhor desempenho com a matemática é muito mais um mecanismo de “fuga” e de “defesa” do que “incompetência” com a matéria. Parece que, por não assumirem este “não saber matemática” para eles próprios e perante seus pares, acabam assumindo posturas e comportamentos muitas vezes indesejáveis nas atividades matemáticas e o “não saber” acaba sendo usado para justificar o não fazer. Aí um outro “círculo vicioso” acaba acontecendo: não faz porque não sabe e não sabe porque não faz. 8 Proposta de trabalhoA centralidade das intenções do trabalho neste GTD é melhorar a auto-estima desses alunos especialmente no que se refere à aprendizagem da matemática. E para isto é preciso romper com os “círculos viciosos” construindo um caminho que, no mínimo, ajude a resolver a relação deles com o conhecimento matemático. Esta hipótese será o elemento central da investigação que se propõe fazer com este grupo. Neste sentido, o encaminhamento principal que está sendo dado é antecipar, no horário do GTD, estudos sobre determinados conteúdos que serão trabalhos na turma em futuro breve. Estes conteúdos devidamente escolhidos no próprio livro texto, ao serem antecipados para estes alunos, devem servir a dois propósitos: provocar a necessidade de rever vários outros conteúdos dos anos anteriores - o que farão antes da turma - e podem coloca-los, no mínimo em “pé de igualdade” com os demais colegas quando forem trabalhados em sua seqüência normal com todos durante o ano letivo. Em atendimento a possíveis necessidades específicas desses alunos, materiais complementares serão produzidos quando demandados durante o desenvolvimento deste GTD. Isto deverá acontecer especialmente quando estas demandas se referirem a conteúdos de currículos próprios dos anos escolares anteriores. Os trabalhos serão desenvolvidos essencialmente em grupos de dois a quatro alunos com assistência, acompanhamento e intervenções do professor que eventualmente poderá contar com a presença em sala de aula de monitores e estagiários. Esporadicamente os trabalhos poderão ocorrer sem ser em grupos, especialmente por necessidade de assistência individual, quando for o caso ou de algum instrumento de avaliação. Pretende-se que todo o trabalho seja desenvolvido em sala de aula durante as duas aulas do próprio GTD. Em casos especiais poderá ser proposta alguma parceria com as famílias para um melhor aproveitamento desse espaço/tempo. Não se está negando aqui que a ajuda familiar é sempre bem vinda e eficiente para qualquer aluno. Estamos apenas procurando caminhos e soluções que independam dessas ajudas uma vez que é comum funcionalmente não podermos contar com elas. 9 AvaliaçãoA avaliação do desenvolvimento dos alunos será tanto criterial quanto normativa. Será essencialmente criterial no que diz respeito aos conteúdos matemáticos que se deseja que aprendam. Será normativa no que diz respeito ao sentimento destes alunos quanto ao domínio que têm hoje e possivelmente venham a ter da matemática quando se comparam com os demais colegas, especialmente durante a realização de atividades matemática, como por exemplo, atividade de resolução de problemas. Portanto, atividades avaliativas estarão ocorrendo durante todo o tempo, de forma contínua, tanto durante o GTD como, também, durante as aulas normais. Estarão acontecendo de forma explícita ou implícita. Pontualmente poderá ocorrer alguma atividade avaliativa mais formal como uma prova individual, por exemplo, a respeito de um certo conteúdo. Em qualquer situação a avaliação estará impregnada das características e passível das dimensões diagnóstica, somativa e formativa, será essencialmente interna e será realizada com o uso de vários instrumentos durante todo o processo: “Exercícios Individuais em Sala”, “Exercícios em Grupos em Sala”, “Testes”, “Provas”, “Discussões em Sala”, “Atendimentos Individuais”, etc. 10 Encaminhamentos10.1 Quanto aos alunosA qualquer momento, de acordo com discussões no Ciclo, um aluno ou grupos de alunos poderão estar sendo transferidos de um para outro GTD, tendo em vista seus desenvolvimentos e necessidades mais prementes. 10.2 Quanto ao GTDEste Grupo de Trabalho Diferenciado de Matemática do 7º Ano deverá permanecer com esta proposta pelo menos durante o primeiro semestre de 2003 ou, talvez durante todo o ano letivo. Poderá sofrer alterações de seus princípios constitutivos ou até mesmo se extinguir dependendo de análises e avaliações realizadas no interior do Terceiro Ciclo e do Núcleo de Matemática tendo em vistas objetivos atingidos e necessidades surgidas durante o processo. 10.3 Quanto ao trabalho e seus resultadosComo um dos objetivos de nossa escola é construir referências para os diversos sistemas de ensino, pretende-se tornar público, através de publicações de diversas naturezas tanto o trabalho realizado quanto os resultados a que se chegar com esta experiência/pesquisa..
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