Do carro de bois à internet:
a escola e as novas tecnologias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste próximo livro procura-se explicitar a relação da escola com a chegada de novas tecnologias. Através de contos e fábulas relata-se cerca de quarenta e cinco anos de histórias que vão desde a  rejeição da caneta esferográfica até a dificuldade no uso da informática pela escola nos dias de hoje.

Assim:

Escrever o prefácio de "Do carro de bois à internet" foi um desafio e, ao mesmo tempo, uma viagem à terra mágica da criança que um dia fui e um aprendizado sobre a origem de alguns instrumentos muito importantes para a vida do homem contemporâneo. Além disso, significou, especialmente, a oportunidade de reviver e refletir sobre o passado, sua implicação no momento presente e sobre a construção de um futuro - quem sabe um pouco melhor?

Considerações como essas, podem ser feitas pelo leitor que é levado pelas mãos de uma criança e mais tarde pelas do adolescente para compartilhar das diversas descobertas, confusões, desejos e medos desse ser em formação e do adulto que, hoje, lança um olhar crítico sobre o contexto social e político da época em que viveu e vive. O adulto projeta suas experiências de vida para além de um tempo definido que ora espelha o presente, ora o passado, ora o futuro e suas respectivas histórias. A partir dessas histórias nascem as reflexões sobre as diversas faces das relações humanas, numa tentativa de explicitar e questionar as formas como o homem reage ao novo e às formas de "adquirir" o conhecimento. Em contrapartida, a família, a igreja e a escola, de modo especial esta, se desenham, revelando suas contradições e suas concepções sobre o que é - ou não – essencial na formação do homem.

Os textos, escritos numa linguagem clara e bastante atual, permitem ao leitor mais adulto desbravar os caminhos da memória e (des)velar emoções diversas de um tempo distante e que continua sempre presente nas lembranças da criança que nele habita. Ao leitor jovem, como sempre sentado diante da televisão e do computador, os textos convidam para, de uma forma lúdica, aventurar-se nos caminhos outrora trilhados por outros, resgatando, nessa trajetória, a história do surgimento de diferentes objetos, utensílios, concepções de educação e outras novidades que, hoje, fazem parte do seu dia-a-dia. Os textos permitem a esse leitor conhecer as diferentes reações que "coisas tão simples" geraram na população e nas diversas instituições sociais em um dado período de tempo.

Ao lado desse (re)conhecimento do que é o mundo à sua volta e das diversas formas de construção e tratamento do conhecimento humano, há o convite ao pensar. Nesse convite, o leitor é levado a analisar como o aparelho ideológico de uma época é definidor para se compreender o comportamento de uma sociedade.

Nesta obra, o autor se apresenta sob vários aspectos, pois, como narrador, ele é crítico, é poeta, é filósofo. Em suas críticas, percebe-se o mundo sob uma ótica que não se quer, meramente, pejorativa, mas portadora de valores relativos ao momento histórico e social. O poeta está presente em vários momentos e não abre mão do jogo de sentidos que a língua pode oferecer-lhe. É nessa multiplicidade de sentidos, criada pelo ser poeta e explicitada pela utilização consciente dos recursos lingüísticos, que se revela o filósofo. Ser consciente do poder da palavra que legitima e, até imortaliza, as idéias daqueles que melhor sabem utilizá-la. Esses aspectos do perfil do autor contribuem para a compreensão de que as palavras nada valem se não forem bem empregadas de acordo com certas condições impostas pela situação em que são articuladas.

Em suma, Do carro de bois à internet revela uma história de vida, num percurso cronológico e, também, psicológico de um autor preocupado com questões cotidianas bastante sérias: a educação, o homem frente às mudanças de seu tempo... Essa característica do livro não o classifica como um trabalho, meramente, autobiográfico, pelo contrário, confere-lhe um caráter plural, pois múltiplas são as leituras e as discussões que dele podem nascer. O fato de ter explícito um narrador que fala de suas experiências não se configura como um aspecto redutor de sua abrangência, pois nele se verifica uma problematização de fatos da vida moderna. Assim, enquanto alguns leitores podem se identificar com as aventuras e emoções vividas por aquele em diferentes etapas de sua vida como se essas fossem as suas próprias memórias; outros podem discutir, no meio acadêmico, científico e profissional, as idéias que, nas entrelinhas, apontam para a necessidade de se repensar alguns modelos instituídos e sacralizados na sociedade.

Em virtude disso, se, por um lado, a dicotomia presente no próprio título descreve um processo de evolução da sociedade como um dado positivo e, por isso mesmo, a ênfase no aspecto cronológico; por um outro lado, ela explicita a dificuldade dessa mesma sociedade em aceitar o progresso tecnológico e a evolução do pensamento humano. Tal dicotomia põe em cena, então, a necessidade de o homem olhar para dentro de si e refazer o caminho percorrido do carro de bois à internet.

Edna Maria Santana Magalhães

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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